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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Jundiaí transmite encontro do Denor ao vivo




Vicentinos de todo Brasil poderão acompanhar as discussões do 'III Congresso Técnico para Unidades Vicentinas', do Departamento de Normatização e Orientação (Denor), em Jundiaí (SP). É que todo o evento será transmitido ao vivo pela internet.

Para acompanhar, basta acessar o site www.cmj.org.br

O evento contará com as presenças do diretor nacional do DENOR do Conselho Nacional do Brasil, confrade João Alves de Melo, e do Promotor de Justiça, Dr. Flamínio Silveira Amaral Júnior.

O Congresso tem como objetivo levar aos participantes os conhecimentos básicos sobre as políticas públicas e socioassistenciais, bem como o posicionamento do Ministério Público em relação ao Terceiro Setor.

O evento se realizará no dia 26 de novembro de 2011, das 09h às 17h

Os participantes poderão interagir, por meio da sala de bate-papo.

FONTE: DA REDAÇÃO DO SSVPBRASIL

Circular Advento 2011- Superior Geral da Congregação da Missão




CONGREGAZIONE DELLA MISSIONE
CURIA GENERALIZIA
Via dei Capasso, 30
00164 Roma – Italia
Advento 2011


“A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” João 1,5
A todos os membros da Família vicentina,
Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo preencha os seus corações agora e para sempre!
A citação Bíblica acima, do Evangelho de São João, convém para começarmos nossa meditação do Tempo do Advento. Este período do ano é o momento onde muitos, no mundo, passam de longos dias ensolarados a dias mais curtos e mais escuros. O fim do ano se aproxima, e nos oferece uma pausa para refletir não somente o que se passou, mas também o que nos espera. A realidade desta mudança é palpável tanto no tempo que passa através dos dias do calendário, como também no que vivemos no mais profundo de nós, em nossos corações.
Acredito que esta é a razão pela qual a Igreja nos concede este tempo do Advento: este tempo de mudança lembra-nos a fidelidade do amor de Deus. Através da Encarnação de Jesus, Deus nos assegura sua constante presença em nosso mundo. Em Jesus, temos um Deus que nos acompanha sempre, tanto nos momentos de luz como nos momentos de trevas, tanto no centro de nossas vidas como em suas fronteiras incertas. No entanto, é frequentemente nas fronteiras, nos “limites externos” de nossa vida, que o Senhor se revela à nós.
As narrativas do Advento nos mostram vidas vividas nas fronteiras : a surpreendente anunciação feita à Maria para ser a mãe do Senhor ; a nobre luta de José para aceitar esta impressionante realidade ; o nascimento de Jesus na simplicidade de um estábulo ; a humilde homenagem dos pastores ; o desenraizamento repentino da Sagrada Família para escapar da cólera e das mãos de Herodes; todas estas narrativas do Advento nos mostram um Deus, que, centrado no amor trinitário, “aniquilou-se a si mesmo” (Fl 2, 7), tornando-se homem. Escolhendo viver nas fronteiras, Jesus nos faz entrar no Reino de Deus e nos aproxima paradoxalmente do coração do amor de Deus.
Como Superior geral, tenho o privilégio e a responsabilidade de visitar meus coirmãos Lazaristas, as Filhas da Caridade e os membros da Família Vicentina Internacional para propagar o carisma de São Vicente de Paulo. Ao fazer isso, ofereço o meu apoio e o meu encorajamento àquelas e àqueles que deixaram a segurança e a estabilidade de seu mundo para ir às fronteiras e aos limites exteriores servir os pobres. Estou edificado com muitos dos meus coirmãos, muitas Filhas da Caridade e membros da Família Vicentina que penetram corajosamente nos cantos escuros de nosso mundo para iluminá-los com a luz do Cristo. Permitam-me partilhar alguns exemplos da maneira como eles vivem seu caminho até o Advento de luz e de esperança.
Na República do Chade, um dos países mais pobres da África, as Filhas da Caridade da Espanha trabalham com os Lazaristas dos Camarões, de Madagascar e do Quênia, servindo em uma região rural afastada, sem nenhuma presença da Igreja. Sua “igreja missão” é um estrado de madeira coberto com uma tenda improvisada, protegida por grandes mangueiras. Nesta região esquecida, eles levam Jesus e o nosso carisma às pessoas para apaziguar a fome e saciar a sede através da Palavra de Deus e a caridade de Cristo.
No Reino Unido, encontrei os “Vicentinos em Parceria”, uma associação de prestadores de serviços para os pobres, constituída por dez organismos centrais e treze grupos integrantes. Nós rezamos, refletimos e discutimos os meios para adequar e comunicar o carisma vicentino de amor a Deus e do serviço dos pobres. Eles trabalham nas cidades com os pobres, jovens desabrigados, doentes mentais e toxicômanos; em suma, com aquelas e aqueles que vivem à margem da sociedade. Sua proximidade para cuidar destas pessoas e manifestar-lhes a compaixão vai além de suas fronteiras, chegando até na Irlanda, no Leste Europeu e nos Estados Unidos. Aqui está o endereço do site que relata sua história: http://www.vip-gb.org
Após um voo de oito horas saindo de Moscou, cheguei à Magadan na Rússia, um lugar que geograficamente parece ser o fim do mundo. Esta missão é realizada por Filhas da Caridade vindas dos Estados Unidos e da Polônia. Ao chegar em Magadan, fui transportado para o mundo esquecido dos campos de prisioneiros e encontrei pessoas que, por décadas, foram objetos de tratamentos desumanos. Na época de Stalin, Magadan era a destinação final de centenas de milhares de cidadãos soviéticos, rotulados como “inimigos do povo”.
As Filhas da Caridade acompanham os sobreviventes que são denominados “os reprimidos” dos campos de prisioneiros e participam de suas recuperação ajudando-os a “recontar suas histórias”. Com a presença da única Igreja Católica da região, estes ex-prisioneiros têm agora uma comunidade de fé acolhedora. A beleza da Igreja da Natividade, com sua capela dos mártires, reverencia o número incalculável e jamais revelado de pessoas que pereceram nos campos de prisioneiros e as histórias vivenciadas por aqueles que sobreviveram. Vocês podem conhecer esta Igreja através do site: http://magadancatholic.org
Cada uma destas três experiências – no Chaude, com os “Vicentinos em Parceira” e em Magadan – têm um lugar em meu coração neste tempo em que celebramos o Advento. Elas nos lembram que a luz do Cristo venceu as trevas de um mundo repleto de pecado e de sofrimento. Os quatro Evangelhos do domingo do Advento nos ajudam a centrar nossa atenção sobre o que é essencial para sermos discípulos no seguimento do Cristo : “vigiar na espera do Cristo” (Mc 13, 33), “preparar o caminho do Senhor” (Mc 1, 2); confiantes que “nada é impossível para Deus” (Lc 1, 37) e “dar testemunho da luz” (Jo 1, 7). Juntas, estas passagens evangélicas nos dão uma receita para colocar nossa fé em ação ao longo de todo o ano.
Este caminho do Advento feito de vigilância, de entusiasmo e de confiança que testemunha a fé evangélica foi o pivô da vida de São Vicente de Paulo, que encontrou o Cristo lá, onde ele menos o esperava: nas fronteiras, nos “limites externos” de sua vida. Nestas duas experiências bases de conversão: escutando a confissão de um homem doente e exortando com sucesso seus paroquianos para dar alimento e medicamentos a uma família extremamente doente; conduziram Vicente ao Cristo nos pobres. Uma vez que ele entrou neste mundo dos pobres, sua vida foi transformada. A partir desse momento, ele se organizou e inspirou aos seus discípulos a fazerem o mesmo:
“Não detenhais a vossa vista naquilo que vós sois, mas olhai Nosso Senhor, junto a vós e em vós, pronto para pôr mãos à obra tão logo recorrais a Ele; e vereis que tudo irá bem” (SV, Coste III, a Luís Rivet, padre da Missão, em Richelieu, em 19 de Dezembro de 1646, p. 133)
Preparando o nosso coração e nossa casa para a vinda do Senhor no Natal, deixemos as palavras de Jesus e o carisma de São Vicente de Paulo ressoar mais profundamente em nossos corações e em nossas vidas. As narrativas do Advento e do Natal nos lembram de uma maneira impressionante Aquele que nasceu, viveu e morreu nas fronteiras. O Evangelho de João nos lembra de forma muito comovente que Jesus “veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1,11). Isto é verdade para a Sagrada Família, muitas vezes, representada em quadros e imagens piedosos como calma e serena, ela seguiu, na realidade, o caminho dos refugiados, pobres e errantes.
Esta triste realidade continua até hoje. O Cristo que era pobre, viveu entre os pobres que possuíam apenas as roupas do corpo, que não tinham nem alimento, nem abrigo e eram privados da dignidade humana. Portanto, como São Vicente diz, os pobres possuem a “verdadeira fé”, como podemos constatar em sua confiança inabalável e constante em Deus. Suas vidas e aquelas dos membros da Família vicentina que os acompanham nos falam diariamente do Advento da esperança.
Durante estas semanas do Advento, sugiro que cada um de nós reserve tempo, frente a nossa intensa programação, para meditar sobre a Escritura e a vida de São Vicente, para que sejamos discípulos de Jesus “vigilantes, entusiastas, confiantes e que testemunham” o que é fundamental para nossa vocação, como membros da Família Vicentina. Ao reservar tempo para encontrar o Senhor na oração, na Escritura e na Eucaristia, teremos a coragem, como o fez São Vicente, de pedir ao Senhor que nos encaminhe para os pobres, que passam muitas vezes desapercebidos na margem de nossas vidas. Agindo assim entraremos em solidariedade com eles, como nossos Irmãs e Irmãs em Cristo.
Permitam-me concluir com uma imagem profunda e apropriada para o Advento. Como lhes disse anteriormente, a Igreja da Natividade em Magadan oferece uma comunidade de cura e de esperança para os ex-prisioneiros do campo soviético e para os pobres. Esta pequena Igreja é um colírio para os olhos, com sua capela dos mártires, simbólica e surpreendente, suas estações da via-sacra, seus vitrais impressionantes e sua iconografia são tão marcantes que não se pode esquecer. No entanto, o ícone da Natividade (que está impresso no começo desta carta) acima do altar é o que mais impressiona quando se entra na Igreja. O lugar onde está colocado é, sem dúvida, o mais apropriado do ponto de vista litúrgico.
Mas, para mim, este ícone representa muito mais. Ele nos mostra como o nosso ser de discípulo com Jesus e o carisma vicentino testemunham o poder e a presença de Deus em nosso mundo atual. Apesar do passado mortal de Magadan, o ícone e a Igreja da Natividade confirmam que o Cristo nasce novamente. A Igreja da Natividade e todas as obras da Família Vicentina Internacional são para nós recordações vivas e quotidianas que “a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam”.
Que o Senhor nasça novamente em vocês neste Natal e os abençoe neste ano que se aproxima!


Seu Irmão em São Vicente
G. Gregory Gay, C.M.
Superior geral

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Padre vicentino é destaque no site Uol

O site de notícias Uol divulgou uma fotolegenda, em que aparece o padre vicentino Germano Malepa (da Congregação da Missão), ontem (8).

A imagem foi publicada na editoria 'Imagens da Semana'.

Germano Malepa é padre há 32 anos e faz parte da Pastoral Rodoviária, em que, por meio de um caminhão-capela, evangeliza motoristas.

Veja a postagem no link: http://noticias.uol.com.br/album/111109_album.jhtm?abrefoto=32


Fonte: Padre Maikol

sábado, 5 de novembro de 2011

Morrer é transvivenciar




A morte de toda celebridade provoca impacto midiático. Por isso, os arquivos da mídia guardam obituários da rainha Elizabeth II e do papa Bento XVI, de Pelé e Neymar, de Demi Moore e Sebastien Vettel.

A morte nem sempre manda aviso prévio. Se uma celebridade deixa a vida por acidente, como Ayrton Senna e Lady Di, ou por causa inesperada, como Michael Jackson e Amy Winehouse, as redações precisam ter pronto o perfil biográfico do falecido.

Agora, Steve Jobs morreu aos 56 anos. O impacto é tanto maior quanto mais prematura e irreparável a perda: não há como clonar cérebros e talentos geniais. Há pessoas, sim, insubstituíveis. Como já não estão entre nós, ficamos sem parâmetro de comparação, sem saber o que fariam no lugar de quem lhes sucedeu.

Sim, sabemos todos que ninguém é imortal. Em determinado dia, mês e ano do calendário cada um de nós deixará este mundo. O que choca é ver alguém morrer antes do tempo... Sobretudo quando se respira uma cultura de preconceito à velhice.

Chamar, hoje, alguém de velho é uma ofensa. No máximo, admite-se "idoso”. E haja eufemismos para qualificar quem passou dos 60: terceira idade, melhor idade etc. Vi escrito numa van: "Aqui viaja a turma da dign/idade”.

Como velho que sou, rejeito tais artimanhas da linguagem. A melhor idade é dos 20 aos 35 anos (embora a ditadura, ao encarcerar-me, tenha me roubado 4). Se é para inventar eufemismo, melhor ser realista e considerar, nós velhos, a turma da eterna idade, já que estamos naturalmente mais próximos dela...

Nossa cultura pós-moderna lida muito mal com a morte. Busca ansiosamente o elixir da eterna juventude: academias de ginástica, anabolizantes, macrobiótica, cirurgias plásticas etc. Na minha infância, criança era quem tinha de zero a 11 anos. Adolescente, de 11 a 18. Jovem, de 18 a 30. Adulto, de 30 a 50. Velho, mais de 50.

Hoje, tem-se a impressão de que criança é de zero a 18, quando se vive na dependência dos pais. Adolescente, de 18 a 30, sem segurança quanto a compromissos afetivos e profissionais. E, jovem, dos 30 em diante, ainda que se tenha 80 ou 90...

O mundo desencantou-se, disse Max Weber. Religiões e ideologias estão em crise. Pouco se pergunta pelo sentido desta vida e, portanto, muito menos o que nos espera na outra. A relativização de valores e a desculpabilização ética exorcizam o medo de padecer eternamente no inferno.

A morte, como fato social, é tratada como inconveniente: não há rituais fúnebres. Morre-se no hospital, faz-se breve velório, crema-se o corpo, espalham-se as cinzas ao pé de alguma árvore. E vira-se a página. Não há luto nem memória do falecido. E em famílias ricas não raramente a briga por herança começa antes de o defunto esfriar.

As escolas deveriam educar seus alunos quanto aos ritos de passagem inevitáveis ao longo da vida. Eles aprenderiam que a morte não merece credibilidade porque, em si, não existe. Existem a passagem para quem se foi e a perda para quem ficou.

Há famílias que cometem o erro de evitar que as crianças compareçam ao velório de entes queridos. Elas ficam com uma incômoda interrogação na cabeça frente ao "sumiço” do parente querido.

Não gosto do verbo morrer. Prefiro transvivenciar. Por uma questão de fé e sentimento. Quando nascemos, todos riem e nós choramos. Quando transvivenciamos, ocorre o contrário.

A vida é um milagre excepcionalmente belo para enclausurar-se nos poucos anos que nos são dados viver. Acredito que, ao sair do casulo, todos haveremos de virar borboletas – o que é ainda mais belo e promissor.


Autor - Frei Betto