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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Mobilidade Humana: somos migrantes

“Cada um de nós nasce numa localidade, muda-se para vários outros locais ao longo da vida e nem sabe aonde vai morrer. Bebe água de muitas nascentes diferentes e ingere alimentos de muitas regiões. Somos migrantes”.
Instituído em 2003, o Setor Pastoral da Mobilidade Humana da CNBB realizou em Brasília-DF, de 5 a 7 de outubro de 2011, o IV Encontro Nacional das Pastorais da Mobilidade. Esse setor é agregado à Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz.
Fizeram-se presentes as seguintes pastorais associadas: Pastoral das Migrações, Apostolado do Mar, Pastoral Rodoviária, Pastoral dos Nômades, Pastoral do Turismo, Pastoral dos Refugiados, Pastoral Nipo-Brasileira, Missão Católica Polonesa, Pastoral dos Estudantes Internacionais, Pastoral do Circo, Pastoral do Povo de Rua, Tríplice Fronteira e outras.
Tema do Encontro: “Deslocamentos humanos provocados pelas mudanças climáticas, catástrofes naturais e tecnológicas.” Objetivo: Favorecer o intercâmbio de experiências, a articulação e relato da caminhada das Pastorais do Setor e refletir sobre a questão das mudanças climáticas para perceber seus efeitos na mobilidade humana e firmar nossa presença e resposta como Igreja.
Além das exposições de praxe, a emoção do Encontro ficou por conta de dois testemunhos: 1) Sr. Antonio Araújo Rodrigues, de Cacoal da Estação, interior do Piauí, sobrevivente do rompimento da Barragem de Algodões em 27 de maio de 2009: “Uma lâmina de 20 metros de água arrasou tudo abaixo da barragem por longos quilômetros. Na hora, morreram 24 pessoas e muitos animais. Depois da catástrofe, muita gente continua morrendo, sem condições de sobrevivência. O meu trauma psicológico será para o resto da minha vida.” 2) Ir. Maria Severina Gonçalo da Hora, missionária claretiana, de Murici, Alagoas, descreveu a grande enchente de 2010 que ali destruiu 18 cidades, desabrigou 7 mil famílias, matou de imediato 54 pessoas. Até hoje, há famílias vivendo em abrigos. No esforço de abrigar as grávidas que foram afetadas pela enchente criou-se o projeto “Bem-vindo bebê”. A família Calheiros e o próprio padre dificultaram o socorro às vítimas. A Ir. Severina, muito bem-humorada, fez a descrição das peripécias da equipe de socorro, arrancando dos ouvintes lágrimas, risos e um belo aplauso final.
Fizeram-se presentes ao Encontro várias autoridades da Pastoral da Mobilidade. Um dado revelador: o Pe. Lourenço Mika, vicentino, da Pastoral Rodoviária, disse: “Nós temos a menor igreja do mundo e a maior paróquia do mundo, pois, nosso caminhão-capela tem dois metros quadrados e nós atendemos 2,5 milhões de caminhoneiros nos postos de combustíveis em todo o Brasil.”


Máikol, Curitiba-PR