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segunda-feira, 21 de junho de 2010

A maior de todas as virtudes é a caridade



Para muitos, a ideia de caridade não vai muito além da ação de distribuir esmolas.

Não há dúvida de que toda boa ação de doação para o próximo é meritória, mas, para o cristianismo, a caridade tem um significado muito mais profundo, e deve ser praticada para além da filantropia.

De fato, para a religião cristã, a caridade está intimamente ligada ao amor, à tomada de responsabilidade nas relações com os demais, que implica num comportamento fraterno. Talvez por essa razão São Paulo tenha indicado a caridade como “a maior e todas” as virtudes.

Tratando deste tema, entrevistamos o padre Giorgio Maria Carbone, frei dominicano e sacerdote, doutor em jurisprudência e teologia, docente de teologia moral junto à Faculdade de Teologia dell’Emilia Romagna, publicou recentemente um livro intitulado Ma la più grande di tutte è la carità (“Mas a maior das virtudes é a caridade” - Edizioni Studio Domenicano).

O que é a caridade?

A caridade é, em primeiro lugar, a própria identidade de Deus. É o que nos ensina João: “Deus é amor” (1 Jo 4,16).

Nesta passagem, o apóstolo usa a palavra grega ágape, que significa amor gratuito de benevolência.

A caridade, assim, significa o amor com qual Deus ama a si próprio, isto é, o amor com qual o Pai ama o Filho, e este amor é o próprio Espírito Santo.

Em seu livro, o senhor sustenta que a caridade é a forma de todas as virtudes. Porquê?

Dizer que a caridade seja a forma de todas significa que conduz todas as virtudes à mais alta perfeição. Mas é preciso entender bem. Cada virtude humana, como as virtudes cardeais da prudência ou da justiça, aperfeiçoa o homem relativamente a algum aspecto de sua vida.

A fé católica indica a caridade como uma das virtudes teologais. São Paulo sustenta que a caridade é a maior de todas as virtudes. Qual razão desta posição privilegiada?

Em parte devido aos motivos que já discutimos, e em parte devido a outras razões que podem ser inferidas a partir da comparação entre as virtudes da caridade e aquelas da fé.

Ambas são virtudes teologais, no sentido de que ambas têm Deus como origem: apenas Deus é causa eficiente da fé e da caridade, ninguém pode causá-las em si mesmo; podemos nos dispor a receber estas virtudes, mediante a oração, pela prática da humildade, recebendo os sacramentos, mas não somos nós que damos origem a tais virtudes: é Deus que as doa. São teologais também porque Deus é seu objeto: com a fé nós conhecemos a Deus e aquilo que Deus diz de si mesmo e da criação; e com a caridade nós amamos a Deus e por Ele somos amados. Mas a diferença é a seguinte: a fé aperfeiçoa a inteligência humana e nos leva a conhecer o próprio Deus.

Informações: Zenit