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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Quem tem medo de ser avaliado?

(*) Renato Lima



Uma das grandes virtudes da Sociedade de São Vicente de Paulo é que, ao participar dela, podemos ter diferentes opiniões entre seus membros, mas sempre convergimos para o atendimento ao pobre. Podemos divergir dentro de nossas Conferências, até porque temos origens e culturas diferentes, mas nunca divergimos quando o que está em jogo é a promoção das famílias.

Por conta dessa abertura ao diálogo inerente à SSVP, os confrades e as consócias devem sempre avaliar como andam os trabalhos das Conferências, os eventos realizados pelos Conselhos, as decisões tomadas pelos órgãos hierarquicamente superiores, etc. Questionar sim; opinar, sempre; descumprir as decisões, nunca.

Assim, uma importante ferramenta de melhoria dos processos dentro da SSVP é a avaliação constante das atividades. Vamos dar alguns exemplos. Quando um módulo da Escola de Capacitação (ECAFO) acontece, é fundamental que seja feito um formulário de avaliação entre os presentes, a fim de que saibamos como foi o desempenho dos palestrantes, se a alimentação estava boa, se o programa foi adequado.

Numa Conferência, os confrades e as consócias, assim como os aspirantes, devem avaliar o andamento dos trabalhos, se as famílias estão sendo promovidas, o que se pode fazer para melhorar a atuação vicentina, se as Obras Especiais (mantidas às vezes por várias Conferências) estão cumprindo com sua finalidade, se o assessor espiritual está comparecendo ás reuniões semanais, se o presidente tem sido flexível nas discussões internas, entre outros.

No nível dos Conselhos, é essencial que os eventos sejam avaliados, como as Festas Regulamentares, os retiros, as assembleias e os veículos de informação. No caso das Festas Regulamentares, ao término de cada uma, deveria ser regra que cada Conselho Central ou Particular enviasse, por carta, suas observações (pontos fortes e de aprimoramento) com vistas a melhor tais eventos no futuro. Sobre os meios de comunicação vicentinos, os conselhos editoriais e sites deveriam estar mais abertos às críticas, pois são essas críticas que justamente trarão mais qualidade nos aspectos gráficos e textuais.

Há, infelizmente, alguns dirigentes vicentinos que se incomodam e “não gostam de serem avaliados”. Na verdade, existe certo dilema na avaliação: os que avaliam, pensam que estão aprimorando os procedimentos futuros e acreditam que suas opiniões serão bem recebidas; os que são avaliados, acham que seus avaliadores são seus “opositores” e foram excessivamente rigorosos ou estão apenas querendo dizer, por outros caminhos, “se fosse eu, faria melhor”.

Percebo, em algumas instâncias da SSVP, uma aversão à avaliação. Que pena! Foi avaliando o trabalho da primeira Conferência que nossos fundadores decidiram pelo desmembramento. Foi recebendo orientações da Irmã Rosalie Rendu que nossos antepassados iniciaram as primeiras visitas. Foi com muita avaliação que a Regra nasceu, em 1835. Foi a partir da análise do crescimento da SSVP que foi criado o Conselho Geral Internacional. Ou seja, o nascimento e a expansão da Sociedade se deve, fundamentalmente, aos confrades inquietos que faziam constantes avaliações e queriam sempre o melhor.

Assim, se temos o salutar hábito de avaliar (com respeito, sem outro objetivo senão a melhoria dos procedimentos administrativos dentro da SSVP), nossa entidade estará sempre se renovando, aperfeiçoando-se e mirando ao futuro. Se nos omitimos e não apreciamos as coisas, estamos sendo cegos, amadores e, acima de tudo, fechando as portas para a ação salvífica do Espírito Santo de Deus.

Por isso, caros confrades e consócias, continuem avaliando nossa entidade, com educação, elegância e bom senso. E caros dirigentes, estejam abertos a receber tais avaliações, com desprendimento, humildade e simpatia.
(*) Renato Lima (Brasil), 39 anos, é Vice-presidente Territorial Internacional da SSVP para a região denominada “América Sul Equatorial”.

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