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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Padre Lauro fala sobre São Vicente de Paulo

Padre Lauro Palú, diretor do Colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho, nos apresenta um pouco da mensagem deixada por São Vicente, que será homenageado com diversas comemorações no próximo dia 27. Ele também mostra o perfil educacional da instituição que dirige.

Amai-vos: Qual foi a principal mensagem deixada por São Vicente de Paulo para os fiéis?
Pe. Lauro: São Vicente tinha como prioridade auxiliar os pobres, dos quais ele falava com um extraordinário espírito de fé. Ele também tinha um admirável realismo que o punha com os pés na terra e que hoje nos ajuda a ter o mesmo bom senso, para não idealizar o pobre. São Vicente, que estava todo consagrado a Deus e aos pobres, acreditava que poderia modificar as mentalidades das pessoas, para que outros também quisessem dedicar-se ao serviço dos pobres. Por isso, fez tantas reuniões com os leigos e as leigas que se dispunham a ajudá-lo ou os que ele ia procurando interessar para que o ajudassem. E os fez pensar nos pobres, nos doentes, nos desvalidos. Sua convicção pessoal era grande e foi igualmente grande sua força de convencimento. São Vicente quis organizar as boas vontades e formar multiplicadores de sua ação. Ele procurou fazer ações transformadoras.

Amai-vos: Como o ideal de São Vicente de Paulo pode ser aplicado no mundo atual?
Pe. Lauro: Podemos notar que houve alterações muito sérias em vários aspectos da vida e da ação humana, dos tempos de São Vicente até hoje. Isto nos imporá a necessidade de rever a doutrina e a prática desse santo. Em vez de repetir suas ações ou suas palavras, iremos seguir São Vicente, de maneira fiel e criativa.

Dessa forma, devemos ver o pobre não como objeto do nosso zelo, mas como sujeitos da evangelização. Para isso, trabalharemos de modo que formemos comunidades cristãs de base, onde cada pessoa possa ser ajudada a realizar-se, onde seja ajudada em sua evangelização e de onde parta para trabalhar na evangelização dos outros.

Amai-vos: Quais são as comemorações agendadas pelo Colégio e pela Congregação para celebrar o dia de São Vicente?
Pe. Lauro: Estão marcadas algumas atividades durante o dia no colégio, tais como jogos com outras escolas. Parece-me que haverá também um ato pela paz promovido pelos Alunos da oitava série em suas aulas de religião. Às 19h teremos uma missa, seguida de um coquetel para convidados, amigos, representantes dos alunos e das várias entidades de alunos (Grêmio, Comitê Graúna), alguns ex-alunos, professores e funcionários.

Fora do Colégio,haverá, aqui no Rio, outras comemorações. Será realizada, no mesmo dia, uma grande celebração dos confrades das Conferências de São Vicente, em Campo Grande. No santuário do Matoso, na Rua Dr. Satamini, 333, haverá às 19h30m, uma missa para a Família Vicentina, isto é, os Padres Lazaristas, as Filhas da Caridade, as Voluntárias da Caridade, os membros da Sociedade de São Vicente de Paulo, os membros da Juventude Marial Vicentina e núcleos que estão ligados de alguma forma à Família Vicentina.

Amai-vos: Quais são as propostas educacionais que o Colégio visa desenvolver para aprimorar a fé e a religião nos jovens estudantes?
Pe. Lauro: Estamos comprometidos numa atividade, a educação, que é essencialmente formadora de outros agentes de transformação social, numa atividade que consiste basicamente em formar multiplicadores de nossa ação. Devemos criar, com os alunos, condições de terem idéias próprias, de lutarem por elas e de realizá-las com sentido prático; isso assegura o amadurecimento, contra o infantilismo incentivado e mantido pelos meios de comunicação social, pela escola verticalista, pela política alienante e desanimadora.

Como pregou São Vicente, é nosso dever denunciar o que ocorre de mau no mundo, tudo o que está contra o plano de Deus. Denunciamos tais coisas através dos conteúdos das disciplinas, na leitura crítica dos jornais e revistas e da televisão.

Devemos também anunciar o plano de Deus, isto é, a dignidade humana, feita de direitos e deveres, a liberdade de que somos dotados como gente, a igualdade fundamental que existe entre todos nós, o chamado de todos à vida, ao crescimento e à plena realização. Anunciar os projetos de Deus, o que ele quer de nós na sociedade e trabalhar efetivamente para realizá-lo. Isso, tanto nos conteúdos com que trabalhamos, nas leituras que damos ou pedimos e nos métodos que utilizamos, pois os métodos são mais eficazes, como práticas, do que como discursos ou narrações.

Além de Professores, devemos ser Educadores; além de Educadores devemos ser Formadores. O Professor transmite conteúdos, o Educador estimula atitudes, o Formador trabalha com os valores. Devemos buscar a comunicação, em vez de proibições, devemos descobrir critérios e normas e colocá-las em prática. Devemos buscar uma educação libertadora para que os Alunos tenham senso de responsabilidade pessoal e social. Buscamos sempre o consenso.

fonte: Amaivos.uol